Bruxas

Eu sou uma bruxa. Não gosto de ser fadinha, boazinha, patética. 😛 “Tem uma crueldade em ser fada, em ser sempre fada, em ser fada para sempre. Acho que toda fada devia querer virar bruxa, um dia, para poder experimentar os 2 lados da vida. Ou todos os lados. A fada não mete medo em ninguém. A fada atende sempre aos desejos dos outros, ela nunca tem… querenças.
Uma fada deve ter muito medo de viver. Porque seu limite é muito estreito. Pouco mundo. Poucos recursos.” É muito chato ser fada. 😛 Nhéé!! Nos contos de fada, as bruxas sempre roubam a cena e as fadas só conseguem uma pontinha do espetáculo.
Tenho um passado, gerações e gerações de bruxas atrás de mim e assombrando à minha volta. Bruxas que escolheram ser bruxas, sabendo que seriam às vezes solitárias, às vezes perseguidas, às vezes queimadas em praças públicas (na mesma fogueira em que eram queimados livros considerados “perigosos”).
“As bruxas escolheram ser perigosas. Escolheram ceder à vontade de fazer as coisas, às vezes confusas até para elas mesmas entenderem. Escolheram descobrir, fazendo. Bruxas são aquelas que não abriram mão de seus poderes — podiam ter agido assim, podiam ter se recolhido, e receberiam recompensas por seu sacrifício: provável tranquilidadew, alguma segurança — bens tão preciosos para todos nós!
Mas preferiram seguir e recuperar a lembrança do seu nome mágico — aquele que foi reservado para elas desde o início da memória dos tempos. Bruxas são as que decidiram se lançar. Bruxas são as que foram enfeitiçadas pela possibilidade de participar dos encantos que controlam as marés, que desvendam a 3ª margem dos rios e a face oculta das pessoas, que provocam o destino dos sonhadores e dos amantes, que despertam sobre os homens medos, desjos e a curiosidade por tudo o que não se explica.
Uma fada dá a vida por sua filha. Aliás, uma fada não tem filhas, só afilhadas. Por que será? Talvez por só ter que passar com a dita cuja um ou outo final de semana, visitar no aniversário, Natal e Dia das Crianças. Talvez porque assim se torne fácil ser boa sem arranhões, atender a desejos e ir embora.”

(Créditos à Luiz Antonio Aguiar. Eu recomendo os internautas a lerem Mãe me noite de Lua Cheia)

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